Brincar de ciranda estimula as
crianças a desenvolver movimentos e conhecer como culturas diferentes vivenciam
a dança
Reunir a turma em círculo para
cantar e dançar é mais que resgatar uma brincadeira antiga e popular para
proporcionar diversão aos pequenos. Brincar de roda (ou de ciranda, como é dito
em algumas regiões do Brasil) é uma maneira de se expressar artisticamente. Ao
propô-la, o professor desenvolve nas crianças a compreensão da capacidade que
elas têm de se mexer, criar e controlar os próprios movimentos. "Isso
provoca o descobrimento do próprio corpo e de tudo o que é possível fazer com
ele", explica Silvia Lopes, professora de dança na Escola Grão de Chão, no
Espaço Brincar, na Escola Jacarandá e no Colégio Oswald de Andrade, todos na capital
paulista.
E, por ser uma atividade que
obrigatoriamente tem de ser realizada em grupo, os pequenos aprendem a
importância de se relacionar com os colegas, respeitando o espaço e a vez de
cada um, segundo Arlenice Juliani, arte-educadora do Grupo de Estudos de Danças
Circulares. Esse é um ponto importante a ser trabalhado durante as cirandas, já
que explorar atitudes cooperativas e solidárias é um dos principais objetivos
da Educação Infantil.
Quando organiza rodas populares,
como Ciranda, Cirandinha, Atirei um Pau no Gato e Esquindô-Lê-Lê, o educador
também proporciona a introdução a um importante conteúdo a ser trabalhado no Ensino
Fundamental pelas disciplinas de Educação Física e Arte - a dança -, já que a
atividade favorece o contato com os hábitos musicais de outras culturas, como a
pernambucana e a cigana, o desenvolvimento da noção
de ritmo e a percepção da necessidade de ajustar as expressões corporais à
música cantada. "Quando brincamos de roda com as turmas da pré-escola,
exploramos a aprendizagem dos movimentos feitos coletivamente", diz Eva
Maísa, coordenadora pedagógica EM Maria Elisa Quadros Câmara, em Bragança
Paulista, a 90 quilômetros de São Paulo.
Apesar da possibilidade de
trabalhar vários aspectos durante as cirandas, é importante lembrar que, por
mais que algumas das músicas deixem claro como os movimentos devem ser feitos,
a garotada ainda não tem muita capacidade de executar todos com precisão na
Educação Infantil. A expectativa não pode ser essa. O importante é que todos
participem, se relacionem bem com o grupo e tentem executar os comandos
corretamente com o passar do tempo. Então, o professor não pode ficar fora da
brincadeira.
Ele é um modelo para as crianças
e fornece o repertório de gestos e posturas a serem imitados. Outro papel que
cabe a ele é pensar as adequações necessárias para tornar os movimentos mais
convenientes ou desafiadores. Com um pouco de pesquisa na comunidade local e em
livros que abordam o tema historicamente e reúnem sugestões da brincadeira,
descobre-se que, mais que rodar de mãos dadas, muitas cirandas podem ser
vivenciadas de maneiras diversas, como com os pés entrelaçados e de costas para
o centro da roda.
http://revistaescola.abril.com.br
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